Blog de Biologia e Geologia

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Meteorização e erosão

Published by Sérgio Costa under , on 15:33

A erosão consiste basicamente na remoção física dos materiais resultantes da meteorização. Estes separam-se do bloco rochoso constituindo assim sedimentos.

A meteorização é já mais complexa existindo várias formas pelas quais esta se pode processar. Existem dois tipos principais de meteorização: meteorização física e meteorização química. Estes dois processos ocorrem muitas vezes em simultâneo na mesma rocha, a qual é sujeita a transformações ao nível químico de forma a tornar-se mais estável no novo ambiente e também é sujeito a uma desagregação mecânica que constitui a erosão física.


Meteorização física

Os processos de meteorização física mais importantes são: a acção mecânica da água e do vento, a termoclastia, a esfoliação e a haloclastia.

Crioclastia: A crioclastia dá-se através da infiltração de água nas fendas existentes no maciço rochoso. Quando se dá um abaixamento da temperatura para valores inferiores a 0ºC a água congela, quando isto acontece o seu volume aumenta exercendo por isso pressão sobre as fendas levando isto ao seu alargamento.

Actividade biológica: Dependo dos locais em questão a actividade dos seres vivos pode ser mais ou menos significativa. Ao contrário do que muitas vezes se pensa a actividade dos seres vivos nas rochas não é apenas fruto das actividade dos animais mas também das plantas e até de bactérias quimioautotróficas.
No caso do animais o seu efeito é de fácil observação uma vez que a sua deslocação provoca o desgaste dos maciços rochosos. No caso das plantas o seu principal efeito deve-se às suas raízes, estas penetram nas fendas das rochas e, à medida que a planta cresce, as raízes crescem também, aumentando de espessura, e exercendo por isso pressão sobre as fendas levando a que estas alarguem. Também o efeito das bactérias pode ser considerado (embora a sua influência seja reduzida) visto que certas bactérias utilizam o substrato rochoso como fonte de energia para a realização da quimiossíntese.

Acção mecânica da água e do vento: O movimento das águas e dos ventos provoca o desgaste acelerado das rochas visto que promove a sua desagregação física. Por vezes estes fenómenos são amplificados como é o caso das tempestades de areia nas quais areia a grandes velocidade choca com as rochas provocando o seu desgaste (estes choques levam a que as rochas atinjam uma forma semelhante à de uma esfinge).

Termoclastia: A termoclastia é um processo de meteorização que tem como base as mudanças de temperatura. Quando se dá o aumento da temperatura os materiais dilatam, dando-se o oposto quando a temperatura diminui. Estes ciclos de contracções e dilatações levam à formação de fendas visto que a rocha é constituída por diferentes minerais que possuem coeficientes de dilatação diferentes.

Esfoliação
: a esfoliação dá-se devido à descompressão que a rocha é sujeita quando chega à superfície. O facto de haver esta descompressão leva a que a rocha expanda à superfície enquanto que a rocha em profundidade está ainda sujeita a certas pressões, isto leva a que se formem diaclases diminuindo assim a integridade da rocha.

Haloclastia: A haloclastia caracteriza-se pela meteorização das rochas tendo como agentes os sais. Quando a água (especialmente água salgada) penetra nas fendas pode formar um precipitado. Quando os minerais precipitam dá-se um aumento do seu volume levando a que estes exerçam pressão sobre as fendas levando a que estas se alarguem.


Meteorização química

Os processos de meteorização química mais importantes são: a hidrólise, a oxidação e a carbonatação.

Hidrólise: a hidrólise inclui os processos de alteração química nos quais está presente a água. Neste processos geralmente dá-se a junção da água com dióxido de carbono dando-se a formação de ácido carbónico. O ácido carbónico reagirá com o substrato rochoso levando à sua meteorização ( em alguns casos o ácido carbónico pode-se transformar em hidrogenocarbonato libertando assim hidrogénio e reage depois com o substrato rochoso). No caso da reacção que ocorre no feldspato dá-se a reacção do feldspato com o ácido carbónico e com a água formando-se assim caulinite, sílica, iões de potássio e iões de hidrogenocarbonato, a esta reacção dá-se o nome de caulinização.
Aqui fizemos apenas uma abordagem muito leve à hidrólise uma vez que existem inúmeras reacções químicas de hidrólise sendo o seu estudo bastante complexo.

Oxidação: As reacções de oxidação ocorrem quando um mineral reage com o oxigénio formando um novo composto. Este fenómeno é particularmente importante no que diz respeito ao ferro visto que este se oxida com bastante facilidade. O ferro é oxidado passando de ferroso a férrico, este novo mineral possui uma cor avermelhada.

Carbonatação: A carbonatação é um processo especialmente importante no que diz respeito à calcite (devido à elevada percentagem de carbonato de cálcio). O carbonato de cálcio reage com o ácido carbónico (resultante da junção de água com dióxido de carbono) formando iões de cálcio e iões de hidrogenocarbonato. Estes iões resultantes da reacção são dissolvidos em água e depois transportados com esta ficando apenas os materiais insolúveis.


A meteorização e a erosão são processos de elevada importância para a vida na Terra. É a sua acção sobre as rochas que permite, por exemplo, a formação de solo, o qual é indispensável para a existência de vida terrestre tal como a conhecemos (de elevada complexidade). O conhecimento dos processos de meteorização e erosão é importante pois, para além de nos permitir ter uma melhor compreensão do ciclo das rochas, permite-nos também ter os conhecimentos necessários para reduzir a sua intensidade(como no caso da preservação de monumentos.

Referências:
Manual - Terra, Universo de Vida. Porto Editora, Amparo Dias da Silva, Maria Ermelinda Santos, Fernanda Gramaxo, Almira Fernandes Mesquita, Ludovina Baldaia, José Mário Félix.
http://geodinamica.no.sapo.pt/html/pagesgex/meterosao3.htm#crioclastia
http://ambiente.hsw.uol.com.br/deslizamento-de-terra2.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Meteoriza%C3%A7%C3%A3o


3 comentários:

António Varela disse... @ 30 de março de 2009 às 11:58

Muito interessante. Falta um comentário vosso e as referências.

Anthonio Manuel disse... @ 20 de fevereiro de 2018 às 09:13

d' facto muito bom adorei

Unknown disse... @ 29 de outubro de 2018 às 21:09

Muito interessante!

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